terça-feira, 12 de janeiro de 2010

" Brasil tem condições de igualar os índices de pobreza e desigualdade similares aos de países desenvolvidos até 2016"

"O Brasil conseguiu diminuir de forma significativa o número de famílias que vivem em extrema pobreza, mas não consegue combater a desigualdade de renda com a mesma agilidade, de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado hoje.

Entre 2003 e 2008, a queda nas taxas nacionais de pobreza absoluta (indivíduos que ganham até meio salário mínimo) e de pobreza extrema (até um quarto de salário mínimo) caíram, em média, 3,1% e 2,1% ao ano. Já a desigualdade de renda recuou apenas 0,7% no mesmo período. Desde o início do estudo, em 1995, a taxa de pobreza cai mais rapidamente que a de desigualdade. "O combate à pobreza parece ser menos complexo", diz o relatório do Ipea.

Para a entidade, o Brasil tem condições de igualar os índices de pobreza e desigualdade similares aos de países desenvolvidos até 2016. Para isso, contudo, terá de superar ao menos três desafios: manter a taxa de crescimento econômico em níveis elevados com ampliação do nível educacional, reduzir a cobrança de impostos sobre as classes mais baixas (proporcionalmente são as que pagam mais tributos) e melhorar a qualidade do gasto público com programas sociais.

No primeiro caso, a entidade avalia ser necessária a manutenção da taxa de crescimento elevada, com baixa inflação. Além disso, o crescimento precisa estar atado à produção de bens e serviços de maior valor agregado e de elevado conteúdo tecnológico (educação). "Ambos constituem requisitos para o crescimento capaz de garantir avanços na produtividade do trabalho e qualidade do emprego (e da renda)."

Famílias

No segundo caso, famílias de menor renda pagam proporcionalmente mais impostos e, assim, contribuem mais para a arrecadação dos recursos que sustentam as políticas públicas brasileiras. De acordo com o Ipea, em 2003, 48,9% da rendas das famílias que ganhavam até dois salários mínimos iam para o pagamento de impostos. Na faixa dos que ganhavam mais de 30 salários no período, essa parcela era de 26,3%. Para mudar isso, é preciso implementar a reforma tributária, segundo o Ipea.

O terceiro obstáculo é a precária qualidade do gasto público. "Apesar dos avanços alcançados na integração e articulação de políticas públicas em torno de programas como o Bolsa-Família, há fragmentação, dispersão e sobreposição de políticas públicas", diz o relatório."


Por Ana Conceição, Agencia Estado, site MSN Notícias.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A covardia contra o Bolsa Família

Desculpem pela longa ausência. É que essa jornada solitária de blogueiro é exaustiva. Os leitores, que são a motivação de tudo isso, nem dão sinal de vida.

Volto porque descobri gente que lê e que sente falta dos meus posts.


"Por Sanzio

A Folha mentiu em seu editorial de ontem. Pega na mentira, rebate a carta do Ministério do Desenvolvimento Social com o surrado artifício de destacar o secundário para esconder o principal.

Abaixo a carta e a resposta do jornal:

Bolsa Família

“Ao contrário do que afirma o editorial “Bolsa Gás” (Opinião, ontem), o Bolsa Família tem ampliado, a cada levantamento, o acompanhamento das contrapartidas (educação e saúde) exigidas.

Na educação, nos últimos dois anos, o índice de crianças monitoradas pelo sistema de frequência escolar passou de 69,8% para 85,2%. Na saúde, subiu de 41,8% para 63,1%.

Pesquisas constatam ainda que as crianças e os adolescentes atendidos pelo programa de transferência de renda permanecem por mais tempo na escola.”

JOÃO LUIZ MENDES , assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Brasília, DF)

Nota da Redação – O governo parece gabar-se de sua própria incúria: cinco anos depois de instituído, o Bolsa Família, oficialmente, ainda deixa de monitorar 15% das crianças na educação e 37% dos beneficiários na saúde.

Comentário

A falta de informação do Otavinho só se rivaliza com esse amadorismo de se deixar levar por idiossincrasias na definição da linha do jornal, trocando análise e jornalismo por birra.

O Bolsa Família tem 19 milhões de famílias cadastradas das quais 12,4 milhões são beneficiárias do programa. Supondo-se (por baixo) duas crianças por família, seriam 24,8 milhões. Logo o acompanhamento de educação é feito sobre 21 milhões de crianças, um desafio que nenhum país do mundo, até hoje, ousou enfrentar. Todas as famílias estão cadastradas, com cartão único, podendo ser localizadas pelo site do Ministério.

Essa história de julgar o programa pelos 15% que ainda não são monitorados, revela apenas má fé. E o fato de se basear exclusivamente nos números da resposta do Ministério do Desenvolvimento, preguiça ou incapacidade mínima de levantar números adicionais para uma análise autônoma.

Quer exercer esse poder de príncipe – de fuzilar de acordo com sua vontade -, dirija seu canhão para o Ministro dos Transportes, das Minas e Energia, para o DNIT, para o Ministério das Comunicações.

Mirar o Bolsa Família invocando avaliações falhas e preguiçosas é covardia."


- Luiz Nassif, [aqui]

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Finlândia no topo do mundo

"Finlândia subiu do terceiro para o primeiro lugar, e é seguida por Suica, Suécia, Dinamarca e Noruega.

O objetivo do índice é levar em conta aspectos como saúde, liberdade, seguranca e instituicões democráticas, para além da riqueza material apenas.

Brasil aparece em 41, sendo que um dos seus piores índices é a seguranca.Um dos principais objetivos do Governo Lula foi acabar com a fome e a miséria — e acho que o Brasil avancou muito nesse sentido.

Será que a violência se tornou o nosso problema número 1?

Será possível reduzir a violência significativamente em 8 anos, sem descuidar dos demais indicadores?"

- Luis Nassif [
aqui]


... tem gente que ainda diz que Bolsa Família não serve pra nada.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"Rindo do babaca Diogo Mainardi"

Como não poderia esquecer meu ídolo, o sujeito mais inteligente da imprensa brasileira, Diogo Mainardi, decidi transcrever aqui a descrição da comunidade do orkut "Rindo do babaca Diogo Mainardi", que eu achei sensacional.

"Esta comunidade é destinada a todos aqueles que já passaram da fase do ódio puro e simples a Diogo Mainardi. Estamos para muito além da fronteira do ódio, simplesmente rimos do babaca Diogo Mainardi! Rimos das merdas que ele diz, e dos idiotas que ainda acham interessante o que este produtor de bostas gráficas propaga; suas idéias preconceituosas, falácias das mais variadas, críticas sem fundamento, textinhos inúteis os quais servem apenas para (mal)embasar o arcabouço intelectual de uma burguesia que busca um novo ídolo para espelhar-se ideologicamente. Gargalhamos do esforço que este Cronista-medíocre-cineasta-frustrado-cidadão-europeu-enjambrado-Paulo-Francis-que-não-deu-certo faz para manter seu empreguinho na não menos escarradamente abominável Revista Veja. Diogo Mainardi é aquele avatar da ignorância que junto a seus fãs rumina quilos de fezes achando que é caviar, arrotando em francês... Por essa razão nós RIMOS DO BABACA DIOGO MAINARDI!CONFIRA O DOSSIÊ VEJA:

Se você, assim como eu, concorda com o fundador da comunidade, entre [aqui]


terça-feira, 29 de setembro de 2009

O dia em que eu descobri que a Globo apoiava Fernando Gabeira

"O lançamento da candidatura de Fernando Gabeira a prefeito do Rio de Janeiro, de acordo com o jornal O Globo idéia de alguns militantes de esquerda do PSDB – pausa para gargalhar… – me fez lembrar de um episódio que só agora passou a fazer sentido.

Foi em 2006, durante a cobertura das eleições. Como repórter da TV Globo, fui encarregado de falar sobre o destino eleitoral dos candidatos a deputado que haviam sido acusados de envolvimento em escândalos nos meses anteriores. A reportagem também deveria registrar os campeões de voto. Não havia muito o que inventar. Era uma lista dos que haviam sido eleitos apesar de sofrerem acusações.

Registrei que Paulo Maluf tinha sido o candidato mais votado a deputado federal. E que, apesar de acusado de violar o sigilo do caseiro Francenildo, o ex-ministro Antonio Palocci tinha sido eleito. Era um registro, puro e simples, que incluía uma entrevista com o deputado reeleito João Paulo Cunha.

Na hora agá, faltando alguns minutos para o jornal ir ao ar, fui chamado às pressas. Era para cortar a referência a Palocci e incluir a eleição de Fernando Gabeira, com 293 mil votos. Eu não entendi nada, uma vez que muitos outros candidatos, de outros estados, tinham sido eleitos com votação superior. Celso Russomano, que não foi citado, teve mais de 573 mil votos em São Paulo. Foi aí que me dei conta: o deputado Gabeira tinha algum amigo “forte” na Globo do Rio.

Será que Gabeira está sendo preparado para fazer o papel da Heloisa Helena de 2010? Nada contra a senadora do PSOL. É que, durante a campanha eleitoral de 2006, as regras para a cobertura eram rígidas: os candidatos deveriam ter tempos iguais e só podiam aparecer no Jornal Nacional fazendo propostas, nunca atacando uns aos outros. Em geral, um minuto cada.

Mas, no meio do jogo, as regras foram “relaxadas”. Nos dias em que surgiam acusações contra o governo o Jornal Nacional passou a dar três minutos para que Alckmin, Heloisa Helena e Cristovam Buarque atacassem o governo. Numa ocasião específica um editor no Rio selecionou para ir ao ar um trecho de entrevista em que Heloisa Helena acusava Lula ou o PT pelo assassinato de Celso Daniel. A própria editora da reportagem, que estava em São Paulo, achou exagerado permitir uma acusação sem provas em rede nacional de TV. Fez essa observação à chefe, que ligou para o Rio de Janeiro. A fala da senadora foi trocada por outra, mais amena."



- Luiz Carlos Azenha (Blog Vi o Mundo)

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E a ingênua classe média achando que esse ia ser o candidato da mudança.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Notícias em Quadrinhos?

Uma das características do livre mercado é a existência da competição. Obviamente, nem sempre a competição, em determinados segmentos de mercado, configura-se uma disputa saudável. Pelo menos é o que a gente enxerga no setor de comunicação impressa.

No Rio, os grupos Infoglobo e O Dia travam violentas batalhas para controlar o mercado. O jornal O Globo, maior e mais influente, cujo conteúdo mais completo, com análises políticas, econômicas, esportivas, seus cadernos de cultura, educação e lazer, entre outras coisas, se viu ameaçado pelo jornal do grupo O Dia, com conteúdo um pouco menos elaborado, mas com uma proposta parecida, que ganhava espaço no mercado menos exigente. Então, o grupo O Globo lança o Extra, cujo jornalismo superficial, conteúdo razoável, economizando nos excessivos artigos de seu irmão maior e mais velho (principalmente na área da cultura e educação, que já não era aquela maravilha) , deixou o produto final mais barato e acessível às massas. Não obstante, o grupo O Dia resolveu lançar o magnífico Meia Hora, no qual as notícias são escritas em um vocabulário informal em não muito mais que uma dúzia de páginas, ignorando quase por completo a inútil cultura e a dispensável educação. O resultado do jogo do Flamengo, o próximo capítulo da novela e a Gata(?) da Hora, em detrimento de algum jornalismo decente, são as principais atrações do jornal, que vende bastante entre as classes mais baixas. O jornal fez tanto sucesso, que obrigou a sovina do grupo Infoglobo a buscar uma solução prática para absorver esse mercado conquistado pelo rival e então, eis que surge das trevas o Expresso, que consagra uma espécie de jornalismo(?) sangrento, copiando as prioridades do inimiguinho: jogo do Flamengo, novela e mulher pelada, que em outras palavras, é o "pão e o circo" que o povo tanto quer...

(Espero que eu não tenha que completar essa reticências, porque se não acabaremos com um jornal em quadrinhos no mercado.)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Somos Racistas

Espetacular texto do jornalista Leandro Fortes, cujo blog você pode checar [aqui], que faz uma reflexão sobre o quão racista é a sociedade brasileira, principalmente aquela pequena elite que enche a boca pra dizer que é contra cotas, especialmente para negros. É muito difícil reconhecer no próprio discurso o racismo embutido de uma sociedade oligárquica, mas qualquer pessoa pode dar uma desfilada nos campi das universidades públicas e buscar algum negrinho ao redor. Não, aquele que tá servindo coxinha na cantina não conta. Nem aquele que tá limpando a privada do banheiro. Nem aquele que tá pintando a parede. Nem aquele que tá na portaria...


"Enquanto interessava às elites brasileiras que a negrada se esfolasse nos canaviais e, tempos depois, fosse relegada ao elevador de serviço, o conceito de raça era, por assim dizer, claríssimo no Brasil. Tudo que era ruim, cafona, sujo ou desbocado era “coisa de preto”. Nos anos 1970 e 1980, na Bahia, quando eu era menino grande, as mulheres negras só entravam nos clubes sociais de Salvador caso se sujeitassem a usar uniforme de babá. Duvido que isso tenha mudado muito por lá. Na cidade mais negra do país, na faculdade onde me formei, pública e federal, era possível contar a quantidade de estudantes e professores negros na palma de uma única mão.

Pois bem, bastou o governo Lula arriscar-se numa política de ações afirmativas para a high society tupiniquim berrar para o mundo que no Brasil não há racismo, a escrever que não somos racistas. Pior: a dizer que no Brasil, na verdade, não há negros.

Antes de continuar, é preciso dizer que muita gente boa, e de boa fé, acha que cota de negros nas universidades é um equívoco político e uma disfunção de política pública de inserção social. O melhor seria, dizem, que as cotas fossem para pobres de todas as raças. Bom, primeiro vamos combinar o seguinte: isso é uma falácia que os de boa fé replicam baseados num raciocínio perigosamente simplista. Na outra ponta, é um discurso adotado por quem tem vergonha de ter o próprio racismo exposto e colocado em discussão. Ninguém vê isso escrito em lugar nenhum, mas duvido que não tenha ouvido falar – no trabalho, na rua, em casa ou em mesas de bares – da tese do perigo do rebaixamento do nível acadêmico por conta da presença dos negros nos redutos antes destinados quase que exclusivamente aos brancos da classe média para cima – paradoxalmente, os bancos das universidades públicas.

Há duas razões essenciais que me fazem apoiar, sem restrições, as cotas exclusivamente para negros. A primeira delas, e mais simples de ser defendida, é a de que há um resgate histórico, sim, a ser feito em relação aos quatro milhões de negros escravizados no Brasil, entre os séculos XVI e XIX , e seus descendentes. A escravidão gerou um trauma social jamais sequer tocado pelo poder público, até que veio essa decisão, do governo do PT, de lançar mão de ações afirmativas relacionadas à questão racial brasileira – que existe e é seríssima. Essa preocupação tardia das elites e dos “formadores de opinião” (que não formam nada, muito menos opinião) com os pobres, justamente quando são os negros a entrar nas faculdades (e lá estão a tirar boas notas) é mais um traço da boçalidade com a qual os crimes sociais são minimizados pela hipocrisia nativa. Até porque há um outro programa de inserção universitária, o Prouni, que cumpre rigorosamente essa função. O que incomoda a essa gente não é a questão da pobreza, mas da negritude. Há contra os negros brasileiros um preconceito social, econômico, político e estético nunca superado. O sistema de cotas foi a primeira ação do Estado a enfrentar, de fato, essa situação. Por isso incomoda tanto.

A segunda razão que me leva a apoiar o sistema de cotas raciais é vinculado diretamente à nossa realidade política, cínica, nepotista e fisiológica. Caso consigam transformar a cota racial em cota “para pobres”, as transações eleitoreiras realizadas em torno dos bens públicos irão ganhar um novo componente. Porque, como se sabe, para fazer parte do sistema, é preciso se reconhecer como negro. É preciso dizer, na cara da autoridade: eu sou negro. Alguém consegue imaginar esses filhinhos de papai da caricata aristocracia nacional, mesmo os mulatinhos disfarçados, assumindo o papel de negro, formalmente? Nunca. Preferem a morte. Mas se a cota for para “pobres”, vai ter muito vagabundo botando roupa velha para se matricular. Basta fraudar o sistema burocrático e encher as faculdades públicas de falsos pobrezinhos. Ou de pobrezinhos de verdade, mas selecionados nas fileiras de cabos eleitorais. Ou pobrezinhos apadrinhados por reitores. Pobrezinhos brancos, de preferência.

Só um idiota não percebe a diferença entre ser pobre branco e pobre negro no Brasil. Ou como os negros são pressionados e adotam um discurso branco, assim que assumem melhores posições na escala social. Lembro do jogador Ronaldo, dito “Fenômeno”, ao comentar sobre as reações racistas das torcidas nos estádios europeus. Questionado sobre o tema, saiu-se com essa: “Eu, que sou branco, sofro com tamanha ignorância”. Fosse um perna-de-pau e tivesse que estudar, tenho dúvidas se essa seria a impressão que Ronaldo teria da própria cor, embora seja fácil compreender os fundamentos de tal raciocínio em um país onde o negro não se vê como elemento positivo, seja na televisão, seja na publicidade – muito menos nas universidades.

O fato é que somos um país cheio de racistas. Até eu, que sou branco, sou capaz de perceber."


Esse texto foi postado originalmente no blog de Leandro Fortes, Brasília, Eu Vi [aqui] e posteriormente reproduzido em diversos blogs, como o do Paulo Henrique Amorim [aqui], do Luiz Carlos Azenha [aqui] e do professor Marcelo Coelho [aqui] (esse último tem me servido de inspiração muitas vezes).



Palmas!

domingo, 9 de agosto de 2009

Gripe Suína - Operação Pandemia

Boa contribuição, de Julián Alterini - e mais do que na hora -, posto aqui um vídeo analisando o "real perigo" do vírus H1N1 - a Gripe Suína.

O vídeo é bem produzido, auto-explicativo, embora particulamente eu não goste muito da estratégia de argumentação que o autor utiliza. Ele tenta te convencer de que os números de casos fatais da gripe são inferiores aos das outras doenças sem repercursão, porém ele o faz
de forma absoluta e nunca revela os valores relativos, que são muito mais significativos. Além do mais, o enfoque que o caso está tendo pela própria mídia contribui para que menos pessoas se contaminem, devido às informações que dessa forma são veículadas - portanto, seu verdadeiro potencial destrutivo continua sendo uma icógnita.

O vídeo em geral é uma boa fonte de informação pra desmistificar toda essa
paranóia que se tornou a gripe suína e é claro, pra variar, as estreitas relações do último ex-presidente estadonidense republicano com a indústria farmacêutica é o pano de fundo do documentário.


Segue o vídeo cujo link no Youtube você tem [aqui], com o benefício de uma boa descrição sobre a produção e dados complementares.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A África Esquartejada

Vou continuar o blog postando um texto muito interessante do professor Marcio Masatoshi ao Folha de São Paulo [aqui]. Esse texto contribui pra discussão do papel da África no mundo globalizado.



"Quando olhamos para o mapa-múndi, notamos que o continente africano ocupa uma posição singular: atravessado pelo meridiano de Greenwich e pela linha do Equador, surge como o centro do mundo. Aparente berço da humanidade, a África, tal qual uma mãe, tem de purgar silenciosamente todos os desmandos do "Homo superior".

Fornecedora da mão-de-obra que enriqueceu a Europa, paradoxalmente foi esquartejada na Conferência de Berlim (1884-85): constituiu-se em 53 países separados por fronteiras artificiais, com incontáveis grupos etno-culturais que tiveram sua coexistência, nem sempre pacífica, e seus modos de vida destruídos em nome do progresso.

Não bastasse o quadro natural adverso (1/3 de áreas desérticas e em expansão e florestas impenetráveis), a África é vítima do seu passado: possui o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e o maior IPH (Índice de Pobreza Humana) do mundo, ou seja, o menor PIB per capita, a menor taxa de urbanização, as maiores taxas de analfabetismo, de subnutrição, de natalidade, de mortalidade, de mortalidade infantil e de crescimento demográfico).

Além disso, convive com as doenças e a fome (na Somália, na Etiópia e no Sudão) e as guerras civis em Angola, Serra Leoa, Burundi, Ruanda e na República Democrática do Congo (ex-Zaire) e de fronteira (Chifre da África).

Sua economia, primário-exportadora, assegura o desenvolvimento, ainda que reduzido, de poucos países (Líbia, Egito, Marrocos, Tunísia, Zimbábue e África do Sul).

A maioria das nações vive da economia de subsistência, da plantation, quando não adoece ou passa fome.

Por ter mercado consumidor escasso, a África não pode participar do mundo globalizado, para o qual, não passa do lar de Tarzan e merece ser castigada, pois ousou sonhar com a liberdade após a "civilizada" 2ª Guerra Mundial. Seu lugar é apenas nos mapas.

Não bastasse isso, há duas décadas, a África da fome, das guerras e dos refugiados morre lentamente, vítima da AIDS. Mais de 23 milhões de casos numa população de 760 milhões de pessoas.

Nos 16 países em que mais de 10% da população está infectada (36% em Botsuana, 25% no Zimbábue e na Suazilândia, 20% na África do Sul e em Zâmbia), o HIV matará cerca de 80% dos adultos.

A malthusiana omissão mundial é tão inquietante quanto a cínica "solidariedaids". A sensação de que a humanidade é matricida é desoladora. Ainda mais quando os jogadores de futebol de Camarões nos dão um exemplo da infinita alegria que é o ato de viver."

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Movimento Pró-Democracia

Bem-vindos, caros leitores, ao Aglio e Óleo.

É de extrema satisfação poder ler finalmente o primeiro post do blog, o qual eu já havia projetado a tanto tempo. Não aguentava mais limitar as minhas modestas análises sobre o que acontece por aí às rodinhas de discussões universitárias. Não é que eu não goste delas – de fato, eu as adoro – mas há em mim uma sensação de improdutividade, que talvez eu consiga amenizar com a fundação do blog. É como se comigo houvesse alguma matéria prima, mas nunca estímulo para transformá-la em produto. Seria muita pretensão afirmar que tal produto esbanjaria qualidade, principalmente se tratando de um produto jornalístico, o qual o blog se propõe – embora com o caráter de opinião - e que eu não tenho competência acadêmica de executá-lo. Mas mesmo assim, arriscarei.

Para inaugurar o blog, voltarei um assunto já em baixa, que pode até soar um pouco ultrapassado. Não que o caso a seguir seja importantíssimo para a compreensão da sociedade, muito menos que os assuntos atuais não sejam merecedores de um post, mas é que esse caso tem uma especial importância dentro do contexto onde eu, Guilherme Aglio, estudante de Produção Cultural da UFF, estou inserido. Depois de algumas discussões in-campus sobre as eleições municipais do Rio, resolvi dissertar um pouquinho sobre o famigerado Movimento Pró-Democracia, que foi organizado através do Orkut e juntou cerca de 13 mil pessoas na internet, das quais três mil participaram das manifestações nas ruas.

A proposta inicial do movimento é “a aceleração do julgamento dos crimes eleitorais ocorridos” durante as eleições municipais cariocas. Oficialmente, o movimento aponta diversos crimes eleitorais, TODOS eles evolvendo o candidato vencedor Eduardo Paes (PMDB-RJ). Além de boca de urna, caixa 2 e uso da máquina pública, o MPD alega que falecidos tiveram votos computados, enquanto eleitores foram impedidos de votar. As denúncias estão no vídeo divulgado pelo movimento que você pode ver [aqui].

Tudo lindo e maravilhoso, o movimento arrastou uma galera – a grande maioria constituída de jovens (de classe média, importante citar) – da Cinelândia até o TRE, quase todos vestidos de preto com os rostos pintados em verde e amarelo, representando a morte da democracia no Brasil. Um show de organização, mobilização e divulgação. Baseado neles, inclusive, que passou pela minha cabeça conduzir o Movimento Contra a Propaganda Enganosa, mas faltou a disposição necessária com o Orkut e capacidade da Veja e da Globo em criar falsos mártires para o meu movimento. A primeira denúncia que o movimento faria seria justamente contra Movimento Pró-Democrático, que de democrático, meus amigos, nada tem.

Obviamente, se o movimento se tratasse de uma reação popular às irregularidades das eleições, tudo bem, nada contra, porém foi claramente um movimento de reação a não eleição de Fernando Gabeira (PV-RJ). A princípio, eu queria reiterar que o movimento foi conduzido justamente após uma eleição, em que o candidato dos que estavam ali protestando não foi eleito. Já começa a me parecer ofuscado a noção de democracia do MPD. Além do mais, esse candidato perdeu nas urnas, como se estivéssemos em uma sociedade democrática. Mas tudo bem, os organizadores afirmavam que, a princípio, não queriam a anulação das eleições, embora eu desconfie que esse “princípio” nunca existiu.

Roda inclusive, um vídeo na internet também divulgado pelo próprio movimento, que você pode ver [aqui], intitulado Movimento Pró-Democracia - Argumentos. O vídeo, como todos vocês leitores podem ter o privilégio de comprovar, ao invés de denunciar as práticas que, na ocasião das eleições do Rio, caminharam contra a democracia, se preocupou em fazer um ataque político somente a Eduardo Paes, demonstrando manobras de alianças, como quando Sérgio Cabral (PMDB-RJ) faz um discurso contra o presidente Lula e depois pede apoio para a candidatura de Eduardo Paes, como se isso significasse a falta da democracia. Aliança essa inclusive que dá asco a qualquer um e, até onde eu sei, mudar de idéia nunca foi anti-democrático. Esse namoro dos dois partidos rendeu até uma declaração de defesa de Lula para o indefensável Sarney, o que arrepia de verdade, mas não é por isso que vou deixar de votar na Dilma em 2010, até porque não acho que a oposição seja mais pura e imaculada. Além do mais, o vídeo nem sequer cita que o ex-candidato do PV é também um vira-casaca de carteirinha, já inclusive se elegendo pelo PT - configurando-se muito mais que uma simples manobra de aliança.

Claro que esse partidarismo travestido de Movimento Pró-Democrático se auto intitula "apartidário", mas alguém por aí acredita que se Fernando Gabeira tivesse ganhado as eleições, com ou sem irregularidade, haveria movimento? Aqui não. Esse é o segundo nome que o Movimento Contra a Propaganda Enganosa denunciaria: o de Fernando Gabeira, que recebeu o prêmio do O Globo "Faz a Diferença" e foi capa da revista Veja como o "Exemplo de Ética", principalmente por nunca ter aceitado indenização por conta da ditadura, embora a tenha usado no pedido de aposentadoria à comissão de anistia. Por que então o MPD também não protestou contra a utilização da cota de passagens aéreas que a Câmara fornece para enviar a filha Tami numa antidemocrática viagem aos Estados Unidos? Obviamente Gabeira teve que admitir e devolver os 6,5 mil reais à Câmara, mas nem houve protesto pró-democrático, infelizmente. De acordo com artigo de Maurício Dias publicado pela Carta Capital na edição de 27 de abril de 2008, e reiterado por Cynara Menezes na edição de 1º de junho de 2009, na declaração de gastos da campanha de 2006, o deputado do PV contratou ilegalmente a empresa de eventos pertencente a sua mulher no valor de 117 mil reais, nos quais apenas 5 mil eram pra produção de eventos, 55 mil para a "criação e inclusão de páginas na internet" e 52 mil para "diversas a especificar". Em nota, Dias afirma [aqui]: "A empresa de Neila não é do ramo da criação de sites e não se sabe igualmente do talento da atriz para esse negócio". A parte do “diversas a especificar” eu deixo para a imaginação dos leitores.

Tais acusações nunca nem sequer foram comentadas nos fóruns do Movimento Pró-Democrático, que você pode checar clicando [aqui].

E quase ia me esquecendo... ainda bem que ainda não li nada oficial do movimento sobre o suposto feriado antecipado, que alguns afirmam ter prejudicado as eleições. Anti-democrático nisso, apenas os "idiotinhas" que preferiram pegar uma "prainha" ao invés de exercer a democracia (como disse, em raro momento de lucidez, Arnaldo Jabour em declaração a CBN, que você pode ouvir [aqui]).

Democrático?